segunda-feira, 8 de março de 2010

Longe I

Longe assim, pequeninha,
Eu posso me perguntar:
Quantas bocas tens, mocinha
Cem, quarenta ou só um par?

Quantos olhos em seu rosto?
É no rosto que eles ficam?
Onte o teu nariz é posto?
Onde teus peitos embicam?

Como, aliás, que são teus peitos...
São da cor da tua pele
Ou se pintam de outro jeito?
Esse verde, roxo aquele...

Pernas, patas ou tentáculos
Te sustentam nesse chão
(Ou um outro sustentáculo
Até asas, por que não)

Como, enfim, que és inteira
Fronte, costas e perfil.
Afrodite ou quimera,
Toda uma ou feita em mil?

Diz-me logo, seja berve
Que indo pra tão distante
Algo teu você me deve
Foto, instantâneo, instante...

Mas sem rastro teu, sem nada
Não há lógica ou norma
Que à memória desvairada
Lembre sempre a tua forma.

Repito, pra enfatizar:
Uma foto, um instantâneo, um instante...
Ou, para facilitar
Volte logo, o quanto antes.

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