quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Língua

A língua é bem mais que um rubro músculo
Roxo como o lusco-fusco do crepúsculo
A língua lida
Com a coisa lida
Lavrando um lingote cálido:
A leve e pálida palavra.

A língua é bem mais que um rubro músculo
Roxo como o lusco-fusco do crepúsculo
A língua é quem fala a língua que eu falo
E se um dia eu vier a felar um falo
É ela que o fará
Como que a falá-lo
Fazendo-o gozar ao gozá-lo

A língua é bem mais que um rubro músculo
Roxo como o lusco-fusco do crepúsculo
A língua me lambe todo
Vorazmente e por cada lado
A língua me deixa calado, colado e babado
Me faz sua presa
E pra sua surpresa
Me sente salgado.

Por que eu, que sempre fui homem, não gosto de mar e odeio peixe,
Até que a língua me deixe
Chamar-me-ei de linguado.

2 comentários:

  1. breno,
    pra mim todos os elogios que você faz a mim são mentiras carinhosas - que eu gosto muito - porque não é possível que você realmente gosta do que faço, fazendo o que faz.
    Você reina absurdos.
    divulgue o seu blog, muleque.

    ResponderExcluir
  2. Porque voce brigou comigo pelos meus modos de bloguear, venho aqui dizer-vos que nada quero além de ler poemas como este, que dizem tanto quanto soam belos, provando que o conteúdo é tão importante quanto forma - para despeito da opinião de um certo Fortes. Se Vera Bonfim tivesse conhecido tal obra, pixaria seus estrofes por completo na pilastra em frente à cantina, não apenas o distribuiria como folha de rascunho para o terceiro ano usar em seus estudos.

    ResponderExcluir