terça-feira, 15 de dezembro de 2009

TU

"Dá-me um barco"
José Saramago
Tu és cobra
encouraçada.
Só es dobra,
Nada sobra,
És selada:
Trancafiada
No teu claustro
Sem parede
Que se mede
Só no rastro
Da sua crosta.
Toda costas,
Nada frente,
És serpente
Intraçável.
Não dolente,
Não doente,
Só um ente
Ipermeável.
-Inefável?-
Que não para
Ou se refuta,
Tu que és clara,
Tu que és rara,
Tu que és tara
Absoluta.
Nada glosa
Toda mote
Que me mata
E me resgata
Sinuosa
Dá-me o bote
Dá-me um bote

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