quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A IDÉIA DE MAGIA EM HARRY POTTER - UMA AMBIGUIDADE

decidi ligar o foda-se e publicar aqui um texto imenso que eu escrevi já tem um tempo e acho pouco provavel que algum dos leitores habituais desse blog tenha saco de ler inteiro. Coisa de fã...

A IDÉIA DE MAGIA EM HARRY POTTER: UMA AMBIGUIDADE.
Por Breno Góes

Uma das coisas que eu mais gosto no Harry Potter, e eu gosto muito de quase tudo no Harry Potter, é que a magia ali nunca está exatamente onde nós, leitores, esperávamos que ela estivesse. O conceito de magia criado pela autora não é estanque, desliza sutilmente entre dois momentos que se opõem e nessa oposição acabam se completando, culminando na figura do próprio Harry Potter, personagem central. Nesse ponto, de alguma forma, esses dois momentos (Aqui chamados de “Magia Como Escape” e “Magia como Duplo do Real”) se confundem e se anulam, dando lugar a outra questão, a da morte, que será tratada no momento oportuno. A sistematização dessa idéia me veio esses dias quando eu resolvi reler o início da “Pedra Filosofal” e agora que eu acabei de reler o final de “Relíquias da Morte” eu já estou achando que vou ter dificuldade em passar ela pro papel. Tenho certeza que vou ser auxiliado pela paciência e compreensão do leitor, quem sabe tão fã da saga quanto eu.
Com calma, chegaremos a esses já mencionados “dois lugares”, mas antes proponho uma rápida caminhada pelos primeiros momentos do primeiro livro, que são de uma beleza sutil e essenciais para o futuro estabelecimento desses “dois lugares”. No capítulo um, “O Menino Que Sobreviveu”, somos apresentados ao sem graça Valter Dursley e sua Londres acinzentada e aburguesada, o que eu classifico como uma abordagem original para um livro Best-seller dos nossos tempos por não tentar seguir aquelas regras pré-estabelecidas do tipo “Agarre Seu Leitor Nas Primeiras Páginas!” que caracterizaram vários dos livros-plágio-de-Harry-Potter que se seguiram desde então (sem nunca macular sua inequívoca superioridade). Esse primeiro capítulo, de uma intensa monotonia (no sentido literal mesmo, de ter só uma cor), é citado por muitos proto-leitores-não-realizados da saga como o momento em que eles se desinteressaram, acharam tudo muito lento e então abandonaram a leitura. Lembro de Umberto Eco, que em seu Pós-Escrito ao Nome da Rosa afirma que as cem primeiras páginas de seu romance são enfadonhas para que ali ocorra uma triagem entre o leitor digno e o não digno. É uma possível teoria aplicável às primeiras páginas de Harry Potter (bem menos do que cem), mas aprofundá-la sem que a autora a comprove é uma discussão estéril. Elaborei outra idéia, que não nega esta apresentada, mas dá mais léguas para aprofundarmo-nos. Vamos a ela, antes ilustrando-a com os nada épicos ou grandiosos primeiros momentos do livro:

“O Sr. e a Sra. Dursley, da Rua dos Alfeneiros, n° 4, se orgulhavam de dizer que eram perfeitamente normais, muito bem, obrigado. (...)Quando o Sr. e a Sra. Dursley acordaram na terça-feira monótona em que a nossa história começa, não havia nada no céu nublado lá fora sugerindo as coisas estranhas e misteriosas que não tardariam a acontecer por todo o país. O Sr. Dursley cantarolava ao escolher a gravata mais sem graça do mundo para ir trabalhar...”
(Harry Potter e a Pedra Filosofal 1ª ed. Rocco, págs. 7-8)

Ouso dizer que todo o andar desacelerado dos primeiros capítulos é essencial para o decorrer da obra, por compactuar formalmente com o ritmo de vida da família Dursley e criar desde o princípio uma antipatia do leitor em relação a esse grupo de personagens. É claro que as cenas dos capítulos posteriores, focando a tirania que essa família exercerá sobre o herói, já seriam mais que suficientes para torná-los desagradáveis, mas ainda assim Rowling decidiu que entrássemos na saga pela Rua dos Alfeneiros, e não, por exemplo, pela cena da morte dos pais de Harry. Optando por focalizar a narrativa nesses “trouxas” desde o princípio, a autora permite que não sejamos jogados de cara no universo bruxo, preservando nossa “ignorância” para que a percamos junto com Harry na travessia do Beco Diagonal, no capítulo com esse nome. Aí, e só aí, a narrativa vai ganhar o ritmo alucinante e as cores que marcaram e marcarão a memória de tantos leitores pelo mundo, o que torna a monotonia do começo nada mais que um traço de contraste, não sem uma boa dose de ironia para com a vida “burguesinha” dos Dursley.
Sigamos adiante, mas ainda no primeiro capítulo. Na manhã modorrenta de terça-feira em que se inicia o texto, os bruxos aparecem de relance para Valter Dursley como sujeitos excêntricos, risonhos e coloridos que simplesmente parecem não se encaixar na lógica das ruas da metrópole. Já aí se intui/institui aquele que é um dos tais “dois lugares” que a magia ocupa em Harry Potter: O lugar do escape, da possibilidade do sonho e da liberdade algo inconseqüente. O lugar onde se pode vestir-se de uma maneira engraçada mesmo numa cidade careta como a Londres criada por Rowling, e ainda por cima abraçar um estranho e chamá-lo de “Trouxa”.
Nos capítulo seguinte (“O vidro que sumiu”) esse conceito continua dando o tom de todos os breves relances em que a magia aparece. (Não abordo aqui extensivamente o antológico diálogo inicial entre Dumbledore e McGonagall, mas afirmo que a Magia Enquanto Escape está presente nos sorvetes de limão do diretor). O leitor atento (eu sempre fui um desses) identifica de cara como magia os estranhos momentos em que Harry consegue escapar da tirania dos tios e do primo. A magia, aqui em seu estado mais puro e ingênuo, é o que faz o herói ter lampejos de liberdade diante da opressão da sua família adotiva num crescendo que culmina com o sumiço de um vidro e que liberta uma cobra (brasileira!) e cria pânico no zoológico. Aliás, “culmina” não é a palavra exata, por que em “As Cartas de Ninguém” tudo cresce ainda mais, e em “O Guardião das Chaves” nós finalmente acompanhamos Harry na descoberta de sua condição de bruxo. Talvez nesse instante esteja a maior manifestação em toda a saga da Magia Como Escape: A magia, na figura do gigante Hagrid, arromba a porta de onde Harry estava “seqüestrado” pelos trouxas e o resgata com uma promessa de felicidade plena, deixando, de quebra, um rabo de porco humilhante em Duda, o primo tirano. Tudo isso bem no dia do aniversário de Harry!
No capítulo seguinte a esse, “O Beco Diagonal”, tudo se decide em Harry Potter. Como eu já disse antes, a travessia do beco significa a entrada para o mundo onde a magia deixa de ser a exceção e passa a ser a regra. Ora, se a magia, em relação ao mundo dos trouxas, é aquilo que desafia tudo o que naquela sociedade é racional e lógico, era de se supor que nesse momento a aventura de Harry virasse algo parecido com a de Alice: um passeio por um mundo Irracional e Ilógico. No entanto, não é isso que se dá. Não interessam à Rowling os paradoxos da linguagem que eram tão caros à Lewis Carroll, ela busca antes uma saga da formação de um herói e a forma como ele civiliza seu mundo, o que demandará além desse outros seis livros. Rowling se propõe a escrever uma história imensa, e isso só é possível pela decisão corajosa de confrontar a visão da Magia Como Escape com outra interpretação: a Magia Como Duplo Do Mundo Real.
“O Beco Diagonal” já começa com a oposição entre sonho e realidade: Após a visita de Hagrid e uma jamais explicada saída de cena dos Dursley, Harry Potter acorda de manhã duvidando dos acontecimentos da noite anterior. Vemos aqui o clássico movimento do final de Alice, o de imaginar que foi “tudo um sonho”. Subitamente, no entanto, a magia se revela como coisa real e palpável para ele em um evento absolutamente inesperado: à luz da manhã, prosaicamente, uma coruja lhe entrega o jornal. Embora esse método de correio seja uma manifestação inequívoca de poderes mágicos atuando, o evento por si só é perfeitamente compreensível por nós, os trouxas. Um jornal que é recebido mediante ao pagamento de uma quantia é uma idéia familiar, e começa a fazer delinear-se outra noção do mundo dos bruxos: não um lugar paradisíaco e lúdico, mas um duplo perfeito do mundo dos trouxas, com todas as suas instituições e problemas espelhados, apenas com a magia como substituto da tecnologia. Isso é revelado plenamente ao leitor numa passagem desimportante para o enredo do primeiro volume (durante todo o livro ela soará quase como uma piada ilustrativa), mas de suma relevância estrutural para os livros seguintes da saga. Coloco-a aqui transposta:

“Harry ficou pensando no que ouvira enquanto Hagrid lia o jornal, O Profeta Diário. Harry aprendera com tio Valter que as pessoas gostavam de ser deixadas em paz quando faziam isso, mas era muito difícil, nunca tivera tantas perguntas para fazer na vida.
-O Ministério da Magia anda aprontando as trapalhadas de sempre – Resmungou Hagrid virando a página.”
(Harry Potter e a Pedra Filosofal 1ª ed. Rocco, pág 60)

Aqui é pela primeira vez revelada, ainda que a título de piada, a existência de uma burocracia dos bruxos, a evidência de uma sociedade com poderes mágicos que não necessariamente soluciona magicamente todos os seus problemas (e ainda por cima tem em seu governo uma competência incompetente que, segundo Hagrid, apronta sempre “trapalhadas”). Paralelamente, exatamente no mesmo instante, Harry reconhece muito cedo em seu libertador a figura do opressor, quando identifica Hagrid com o Tio Valter no momento de ler jornal. Embora a identificação não se confirme no aprofundamento do personagem Hagrid, fica latente aí uma espécie de pressentimento de que o mundo dos Bruxos não seria para Harry o mundo perfeito que ele supusera quando escapou dos tios.
Claro que, de novo, não estamos diante de uma idéia que se sedimentará. A saga de Harry Potter não se limitará a descrever o mundo da Magia Como Duplo Do Mundo Real, o que a aproximaria de uma série de sátira ou crítica social como os livros do Discworld de Terry Pratchett (aliás, autor magnífico e não suficientemente reconhecido no Brasil). Tampouco a série retornará definitivamente à Magia Como Escape, que a aparentaria aos já citados livros de Carroll e a obra de Neil Gaiman (Para ficar apenas nos autores ingleses, todos maravilhosos). Não. A grande riqueza de Harry Potter estará em oscilar opondo os dois extremos. Durante toda a saga de Rowling a oposição entre a Magia Como Escape e a Magia Como Duplo Do Real se colocará como questão, e posso aqui citar vários exemplos:

-A dicotomia entre a nunca explicada fortuna financeira de Harry associada à pobreza em que ele vive na Rua dos Alfeneiros versus a penúria deprimente de Rony suplantada pela aura acolhedora de sua casa, sempre local de alegrias e paz: Um índice de que a Magia é um escape para a falta de dinheiro. (Desde Harry Potter e a Câmara Secreta).

-A descrição, em detalhes, de alguns locais do mundo bruxo como contra-partes do mundo real, sendo os maiores exemplos Hogwarts, as casas comerciais de Hogsmeade e o Hospital St. Mungus. (A partir, respectivamente, de Harry Potter e a Pedra Filosofal, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban e Harry Potter e a Ordem da Fênix).

-A “magia institucionalizada” dos professores de Hogwarts versus a magia ancestral da lenda da Câmara Secreta, situação que evidencia que os bruxos possuem um iluminismo e um obscurantismo da mesma forma que os trouxas. (Obviamente em Harry Potter e a Câmara Secreta)

- A existência de um esporte bruxo, que em sua popularidade e na forma como movimenta a tecnologia (a escalada dos modelos de vassouras: Nimbus 2000, 2001, a Firebolt...) reflete diametralmente esportes como o Futebol. (Acentuadamente nos três primeiros volumes, e marcantemente na Copa Mundial de Quadribol em Harry Potter e o Cálice de Fogo).

- A descrença que a maior parte dos bruxos possui em relação aos seus mitos de origem, na serie só endossados pelos membros da família Lovegood. A descrença nos mitos indica que existe um cientificismo na sociedade bruxa. Ainda assim, alguns mitos acabam se provando pelo menos parcialmente reais, como o conto dos Três Irmãos. (Harry Potter e as Relíquias da Morte)

-A figura absolutamente não-cartesiana, imprevisivelmente lúdica e absurdamente poderosa de Alvo Dumbledore versus a mediocridade racional dos Ministros “trapalhões” Cornélio Fudge e Rufo Scrimgeour. (Desde Harry Potter e a Pedra Filosofal, como visto na fala citada de Hagrid, mas muito mais acentuadamente a partir do capítulo “Os Caminhos se Separam” no final de Harry Potter e o Cálice de Fogo)

Finalmente, acima de tudo, há o paradoxo maior que é a própria razão de ser da trama e tensão que só se desatará com o fim da saga: O fato de que a magia dos bruxos, sempre inexplicável pela ciência dos trouxas, encontra no personagem Harry Potter seu próprio limite. A magia transformada em ciência pelos acadêmicos de Hogwarts não consegue explicar em momento nenhum o milagre que ocorreu na noite em que Voldemort tentou matar Harry, o que faz desse acontecimento uma espécie de magia da magia, uma meta-magia. Aí é onde Rowling cava mais fundo a dicotomia entre a Magia Como Escape e a Magia Como Duplo Do Real, pois se a magia pode ser um espelho do mundo dos trouxas e o mundo dos trouxas possui um escape para o mundo da magia, então o mundo da magia deve possuir um escape também, que na trama se dá para uma terceira coisa enigmática. Essa terceira coisa é o seguidamente reafirmado e nunca claramente elucidado mistério de Harry Potter, o “menino que sobreviveu”.

Apesar de o mote ser conhecido, não custa relembrá-lo à luz da serie completa: Voldemort, o lorde das Trevas, mago tão poderoso que inspira temor no seu próprio nome, fica sabendo de um pedaço de uma profecia que indica um bruxo que irá matá-lo. Ele interpreta a profecia como se o bruxo em questão fosse o pequeno Harry Potter, que por sua vez está protegido por um feitiço que o torna não-encontrável por pessoas indesejáveis. Harry e sua família são, no entanto, traídos, e os pais do bebê são mortos pelo lorde. Voldemort ergue sua varinha e lança um feitiço letal contra Harry, uma maldição que tem como particularidade o fato de que mata instantaneamente e não tem defesa possível. O feitiço, no entanto, reflete na testa do herói (não sem marcar ali uma cicatriz) e acerta o vilão, que só não morre por que depositara antes partes da sua alma em certos objetos mágicos.
O lugar em que a magia torna-se limitada, em Harry Potter, é no ato de explicar por que o bebê Harry Potter não morreu. A magia esbarra justamente onde, no nosso mundo, a ciência também falha: na idéia da morte, a morte como o eterno inexplicável. Várias vezes Dumbledore afirma que a magia não tem o poder de ressuscitar os mortos e que não é possível sobreviver a determinadas maldições, e em Harry Potter e a Ordem da Fênix o bem e o mal se enfrentam numa estranha sala com um véu que teria o objetivo, segundo a autora, de “investigar o mundo dos mortos”. Isso evidencia que diante da morte a magia é (apenas) uma espécie de ciência, que pode postergar o fim da vida mas possui limitações e impotências que um dia tornarão a morte inevitavel. Harry Potter, no entanto, sobrevive a uma maldição letal e no clímax da série, em Harry Potter e as Relíquias da Morte, tenciona ao máximo o limite entre estar vivo e estar morto, até conseguir vencer os inimigos (a própria morte, abstrata, e a personificação dela, o VoldeMORT). Assim, senhor da vida e da morte, o herói se torna uma espécie de mago entre os magos, pois compreende aquilo que eles não compreenderam assim como eles haviam compreendido coisas desconhecidas pelos trouxas.
Sugere-se, então, que a solução para a oposição entre Magia Como Escape e Magia Como Duplo do Real é a própria solução que a narrativa apresenta para o mistério de Harry, e se transforma numa outra oposição: a oposição entre a vida e a morte, esta claramente superada pelo herói (que no último livro empenha-se em buscar os objetos que o fariam “Senhor da Morte”), mas nunca claramente descortinada aos olhos do leitor. A já clássica cena, no capítulo “King’s Cross” do Sétimo Livro, em que se dá conversa com o “fantasma” (O eco? A lembrança?) de Dumbledore numa estação King’s Cross metafísica permanece nebulosa e limítrofe entre o entendimento e a mera apreciação do caráter interrogativo do desconhecido. A partir daí não é mais possível prosseguir, a não ser no plano da elucubração estéril sobre a exata natureza da vida após a morte que tanto os livros de Rowling quanto este ensaio evitam. (Minto. J.K. Rowling dá uma singela e significativa pista sobre o assunto no finzinho do Quinto Livro: Morrer, nas palavras de Nick Quase-Sem-Cabeça, é simplesmente “prosseguir”).
Esse ensaio cumpre talvez o objetivo de tentar trazer à tona uma das muitas características geniais de Harry Potter, o deslize semiótico do conceito de Magia na série, mas respeita o caráter intrincado desse deslize (e a conseqüente oposição criada por ele) quando se torna claro que a magia, tida por muitos como o tema central do livro, é sim um tópico importante, mas não como questão central, e sim como propulsor do verdadeiro assunto da história: a morte e suas vicissitudes. A presença desta como personagem e como parte do título do último livro, além do crescente número de cadáveres em cada volume da história, apenas torna isso mais evidente. No seu momento final, solitário e cansado, um Harry que destruiu (ou forçou a autodestruição) de seu principal inimigo é agora alguém que praticamente voltou da morte e tomou posse dos três itens necessários para tornar-se “Senhor da Morte”. A renúncia final de Harry em ocupar esse papel, ao abdicar da varinha ancestral e recuperar sua própria varinha na última cena do último capítulo, quer significar alguma coisa que a principio não fica clara. A abdicação da imortalidade, no entanto, ecoa àquela mesma renúncia feita por Nicolau Flamel no primeiro livro, quando este resolve morrer no seu sexto século de vida. A imortalidade, prêmio o tempo todo buscado por um Voldemort que personifica a morte na medida em que sente medo dela, não é compatível com seu heróico antagonista.
Eis que a partir página seguinte há o famoso epílogo que mostra o quão a vida de Harry tornou-se a de um bruxo normal, sem qualquer contato com os trouxas, o que leva a crer que a Magia Como Escape e a Magia Como Duplo Do Real deixaram de ser uma questão para o ele (e por extensão para o leitor), pois não há mais do que escapar nem o que duplicar. Harry libertou-se do mundo cinzento dos trouxas e do mundo negro relativo ao seu status de “Menino que Sobreviveu”. Harry, que já esteve mais próximo do que qualquer um do outro lado,vive pacata e austeramente consciente de que morrerá por que escolheu que um dia o faria, sem medo do desconhecido. Torna-se, portanto a personificação das palavras de Dumbledore no primeiro livro, de que “para a mente bem aventurada, a morte é apenas a grande aventura da vida.”

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