Jonas, o Astrólogo, agora estava na crista da onda do ó do borogodó por cima da carne seca. A sua nova postura enquanto astrólogo, a de corrupto anti-ético que alterava os horóscopos de todos os dias e de todos os signos conforme o sujeitio pagasse a ele, tinha lhe rendido uma coluna no suplemento de domingo, umas entrevistas na hebe, um curso na Casa do Saber e agora ele já estudava abrir sua própria franquia de iogurte congelado, a yogoastros. Apesar de nunca mais ter consultado um mapa astral, seu prestígio crescera e ele era considerado até por outros astrólogos como um sujeito muito talentoso.
Um dia, ele estava em sua nova cobertura num condomínio chamado Barra UltraBlastResortBeach, ele recebeu um telefonema que o deixou nervoso. Era uma cliente assídua sua, uma socialite daquelas turbinadas que estava sempre pedindo que ele tentasse dar uma recalchutada nas previsões pro seu signo, Peixes, numa de deixar Peixes menos peixe morto. Ele já atendeu risonho, depois de engolir seu martini:
-Salve, minha Loira! Achei que vocÊ ainda tava lá nas ilhas Gregas... o que vai ser essa semana? "Peixes vai estar propenso a prosperar financeiramente" ou "sua lua em júpiter vai te proporcionar uma reviravolta amorosa"?
-Ah, Jonas... Snif... Nem me fale... É que, lá nas ilhas gregas, eu terminei com o Sílvio. Sabe, o Sílvio ministro?
-Aquele envolvido naquele escândalo?
-Ele mesmo.
-Então eu vou botar assim: "Peixes hoje vai sair de qualquer depressão em que tenha entrado e vai brilhar..." Daí vocÊ vai e arrasa lá na Baronette, mas antes deposita a quantia de sempre na minha conta, e...
-Você não entendeu, Jonas. Não é isso que eu quero. O Sívlio respeita muito o seu horóscopo... E eu quero que vocÊ ACABE com o Sílvio. Combinado?
-Ih, minha filha, pra falar mal o preço é acrescido de cinquenta por cento.
-Eu pago, eu pago.
-E qual é o signo do infeliz, querida?
-Capricórnio.
Opa, Capricórnio não.Aquilo era um problema. Desde que iniciara a sua "máfia", a única coisa que tinha permanecido exatamente igual era que ele falara sempre muito bem de Capricórnio. Coisa de suas relações com o seu primeiro cliente e padrinho, o Doutor Olímpio.
-Eu não posso, meu bem, capricórnio está fora de questão.
-Eu triplico o que eu ia te pagar.
-Minha Loira...
-Eu pago dez vezes o preço da tabela. Eu só quero foder com a vida do Silvio.
Era muito dinheiro. Ele, que tinha sido pobre e vivido numa casa cheirando a mijo a vida inteira, com esse dinheiro poderia se aposentar e abandonar a máfia, se dedicar a outros hobbies, torrar tudo num cruzeiro, sei lá. E além do mais, de uns tempos pra cá o Seu Olímpio andava meio sumido, só sabia que o velho não tinha morrido por que o dinheirinho dele continuava pingando todo mês na sua conta. Vai ver o velho não repararia, ele escreveria uma semana de coisas escabrosas sobre capricórnio e pronto, voltava ao normal.
-Combinado, minha loira.
-Você é um amor, Jonaszinho.
-Amor é o som do seu dinheirinho pingando, coração.
E Jonas, animado com o pagamento, fez um senhor trabalho, empolgado com o seu próprio talento. Muitos Capricornianos se suicidaram, tantas foram as desgraças que Jonas previu. O tal do Sílvio, transtornado com os escritos de Jonas, se embananou com os depoimentos que tinha que dar pra CPI do não sei o que e acabou preso por quebra de decoro parlamentar. Jonas estava rindo de orelha a orelha, checando na internet a sua conta bancária, inchada como um boi pronto pro abate. E era exatamente um boi pronto pro abate que o Jonas era, mas sem saber. Estava de noite. Uma noite sem nuvens naquela cobertura de frente pro mar.
E foi então que trovejou. MUITO alto.
- Você vai aprender a não brincar comigo, seu moleque.
-Caralho! Quem tá aí?
A primeira voz que falou vinha do alto, e era muito grave.A segunda era a de Jonas mesmo.
-Zeus está aqui. Zeus está em todo lugar. E aqui ele se manifesta contra quem achou que podia brincar com o seu culto.
Todas as luzes da casa de repente se apagaram.
CONCLUI NO PRÓXIMO EPISÓDIO!
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