A língua é bem mais que um rubro músculo
Roxo como o lusco-fusco do crepúsculo
A língua lida
Com a coisa lida
Lavrando um lingote cálido:
A leve e pálida palavra.
A língua é bem mais que um rubro músculo
Roxo como o lusco-fusco do crepúsculo
A língua é quem fala a língua que eu falo
E se um dia eu vier a felar um falo
É ela que o fará
Como que a falá-lo
Fazendo-o gozar ao gozá-lo
A língua é bem mais que um rubro músculo
Roxo como o lusco-fusco do crepúsculo
A língua me lambe todo
Vorazmente e por cada lado
A língua me deixa calado, colado e babado
Me faz sua presa
E pra sua surpresa
Me sente salgado.
Por que eu, que sempre fui homem, não gosto de mar e odeio peixe,
Até que a língua me deixe
Chamar-me-ei de linguado.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
TU
"Dá-me um barco"
José Saramago
Tu és cobra
encouraçada.
Só es dobra,
Nada sobra,
És selada:
Trancafiada
No teu claustro
Sem parede
Que se mede
Só no rastro
Da sua crosta.
Toda costas,
Nada frente,
És serpente
Intraçável.
Não dolente,
Não doente,
Só um ente
Ipermeável.
-Inefável?-
Que não para
Ou se refuta,
Tu que és clara,
Tu que és rara,
Tu que és tara
Absoluta.
Nada glosa
Toda mote
Que me mata
E me resgata
Sinuosa
Dá-me o bote
Dá-me um bote
TESTANDO
Testando
Testando
Atestando, pois,
O tato do byte
Pra tornear
As taras
Da minha testa
Testando
Testando
Te
Estando
Te
Tentando
Tu és tanto
Testando
Testando
Testado.
Testando
Atestando, pois,
O tato do byte
Pra tornear
As taras
Da minha testa
Testando
Testando
Te
Estando
Te
Tentando
Tu és tanto
Testando
Testando
Testado.
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